terça-feira, 8 de dezembro de 2009

Perfeito.


Senhoras e senhores trago à vocês um pouco de jazz, pelas mãos de um dos mais proeminentes artistas do estilo da atualidade.

Ludovic Navarre, mais popularmente conhecido pelo seu nome artístico St. Germain, é um músico francês que conseguiu fusionar Nu Jazz com House e com Blues simultâneamente. Para os que não conhecem, Nu Jazz (nü-jazz ou Nujazz) é o estilo que mixa o Jazz com outros estilos como o Funk, Soul e a música eletrônica. É um estilo onde, ao contrário da maioría dos tipos de Jazz, o importante é a música, não o músico. Surgiu de experimentações com sons eletrônicos conduzidas por Miles Davis, Herbie Hancock e Ornete Coleman a meados dos anos 70, foram estes os pioneiros que tiveram a idéia de mixar elementos do jazz com o funk em batidas eletrônicas. Nos anos 80, artistas envolvidos com rap e hip-hop também decidiram fusionar suas melodías com jazz originando o jazz-rap, coisa que levou a músicos experimentando com house na época a mixarem suas melodías com elementos do jazz, porém creio que o precursor mais próximo deste estilo foi sem dúvida o acid-jazz, movimento liderado por Jamiroquai no início dos aos 90, que utilizava recursos do soul e do funk com letras de rap e experimentava sobre bases de jazz.

St. Germain só lançou dois álbuns até a presente data, Boulevard (1995) e Tourist (2000), dos quais só pude escutar e re-escutar um, o mais recente. Tourist é sem dúvida uma das maiores obras de do estilo que já tive o prazer de conhecer.

Do CD em si não há muito o que dizer; está excelentemente mixado, nenhum instrumento encobre à outro; está brilhantemente produzido, a órdem de apresentação do CD tem de ser respeitada; as composições são geniais e cada uma transmite um sentimento único, ou seja, são expressivas, muito expressivas. Uma favorita das 9 faixas do cd sería a sétima, "Pont des Arts" (7;27) que foi a primeira música dele que ouvi. Admito que sua obra me deixa sem palavras, a perfeição não permite comentários longos nem grandes análisis, é simplesmente... Perfeita.

Infelizmente, St. Germain está em hiato desde o re-lançamento de Boulevard e não há previsão de retorno.

Recomendo com todas as bananas que tenho em meu arsenal que escutem, comprem, disfrutem e principalmente compartam as obras de Ludovic Navarre, por que são poucas as músicas e menos os que às conhecem.
Mais uma vez, facilitando o trabalho do leitor: http://www.youtube.com/watch?v=0yu-3d5NzA8&feature=related

sábado, 5 de dezembro de 2009

O Retorno do Rei

Senhoras e Senhores, venho perante a vocês trazendo uma informação valiosa; Retorna o Vinil.

Pode ser fruto de uma medida anti-pirataría já que um leigo não pode converter gravações analógicas em digitais; pode ser uma - inesperada - necessidade de sentir uma qualidade superior nas gravações atuais... Independente de qual for a razão, o fato é simples, o vinil está ganhando força novamente.

Hoje em dia todos os cds (lançados nos EUA, Europa e outros mercados internacionais) contam com sua versão no antigo formato que, graças à tecnologías modernas, pôde ganhar um upgrade; as versões de 180g. O peso incrementado dificulta a deteriorização, aumenta a estabilidade diminiuindo as oscilações que podem causar variações indesejadas no som e dá um visual mais imponente, não que isso seja importante.

Como muitos de vocês, leitores, sabem, gravações digitais (CDS) são versões compactadas das gravações reais, ou seja, amostras de 16bits (em torno de 750 mb). As amostras vão se tornando cada vez menores a medida que as gravações ocupam menos espaço (mp3 512kbs, 320kbs, 128kbs, etc...) e quanto menores as amostras menor a qualidade do som e mais distantes das gravações originais. O vinil, pelo contrário, é a gravação real (o que ocuparía em torno de 1,5gb)

Como ouvinte sinto a diferença, ao escutar um Vinil e comparar com um CD, percebo a pureza do som original, o chiado, os erros... A música se torna mais humana, mais real. Como músico vejo como uma evolução, grande evolução; penso que um dos principais motivos que impulsionaram o declínio do cenário musical é a banalização. Ouvir um álbum já não é uma atividade, o trabalho de anos de uma banda se resume a escutar algumas de suas músicas em um reprodutor de mp3 enquanto num ônibus lotado às 18:00...

Pós-modernidade aparte, sugiro que ressucitem os velhos toca-discos de seus cemitérios e comecem a buscar as boas e velhas obras de arte nas feiras de antiguidades enquanto estão baratas.

domingo, 29 de novembro de 2009

Vintage

Dave Grohl + Josh Homme + John Paul Jones = ?

Senhoras e senhores, trago a vocês o último projeto do aparentemente sempre insatisfeito ex-nirvana, ex-foo fighters, ex-queens of the stone age, (ex-etc...) Dave Grohl. Todos conhecemos o histórico do multi-instrumentista e o sucesso que os projetos aos quais participou/fundou tiveram no passado, todos conhecemos pelo menos uma música de cada uma de suas ex-bandas e muitos de nós, músicos, já tocamos um cover de uma de suas músicas (principalmente "smells like teen's spirit").

Sempre pensei que o fator sorte tinha estado a seu favor no passado, já que nunca pude apreciar corretamente nenhum de seus projetos, porém, graças a esta última colaboração, pude por em dúvida esse fator e considerar que pode ser ele, Dave Grohl, um excelente músico que incompreendo. A dúvida também pode ter sido ocasionada por que o ex-led zeppelin John Paul Jones está envolvido... De qualquer forma, Them Crooked Vultures é uma excelente banda que traz de volta a essência do bom rock, sem frescuras e bem elaborado.

"Vintage" está escrito por todo cd, na forma que foram usadas as distorções, na forma que foram gravadas as músicas, na forma que foram compostas as obras (terminando como começam, em sua maioría)... É definitivamente uma experiência estranha, testemunhar um resultado tão analógico vindo de uma gravação digital.

O cd; "Them Crooked Vultures"; não é uma obra prima como "On-nima" ou "10.000 days" (Tool). Definitivamente a auto-produção demonstrou ter sido uma grande, porém muito grande, falha. Nota-se que foram trabalhadas, as músicas, uma por uma com muito carinho, não se encontra nenhuma "obra menor" entre todas as obras, porém, da forma que estão organizadas, nenhuma ganha o brilho que merece, escutar o cd completo, de "ponta a ponta", chega a ser uma atividade cansativa.

Vale destacar cinco títulos das 13 faixas do cd; "Elephants", "New Fang", "Scumbag Blues", "Warsaw or the first breath you take after you give up" e "No one loves Me & Neither do I", sendo a última a primeira de todas, uma boa escolha na minha opinião. São estas obras que conseguiram, sem esforço, demonstrar a qualidade da banda, cada uma à sua forma. "New Fang" por exemplo; em poucas palavras (3:49) é uma música que consegue beirar o blues (mais evidentemente do que "Scumbag Blues") e country enquanto joga com o hard-rock... Indescritível.

Hão suas falhas, "Mind Eraser, No Chaser" é uma delas, música repetitiva e pouco original (quando comparada como "Elephants" por exemplo). "Dead End Friends" é outra falha, apresentando as mesmas características da citação anterior.

Tenho de abrir outro parêntesis especial para a performance de Dave Grohl; não como em todos os trabalhos anteriores, ele está tentando - e conseguindo - realizar um excelente trabalho como baterista em uma linha mais Steve Jordan (John Mayer), tocando a música, não o instrumento. Então não esperem viradas insanas e linhas rítmicas pesadas e extremamente altas com pratos cortando a cada segundo, ou se decepcionarão profundamente.

Resumindo, é um cd a tomar-se com pinças; as músicas que não são boas não são ruins, porém deixam a desejar considerando a qualidade da banda. Hão suas genialidades, músicas infinitamente inteligentes em melodía, harmônia e rítimo (majoritáriamente binário), músicas que, dentro de alguns anos, deverão tornar-se novos hinos do rock, isso se eles chegarem a um segundo cd, coisa aparentemente possível já que, publicidade não lhes falta.

Sendo assim, Dave Grohl + Josh Homme + John Paul Jones = 4 das cinco bananas que tenho para dar, daría 3 porém "Elephants" já virou uma atividade diária em minha agenda.

Faltou comentar que, esse projeto é mais do que novo, o cd comentado foi lançado no día 17 deste mês e está no mercado há pouco mais de uma semana... Então é melhor conhecer antes que a turnê deles acabe.

Novamente: http://www.youtube.com/watch?v=S7_vH3H8LPI - "New Fang".

domingo, 22 de novembro de 2009

Um Esporádico Sem Fim

Senhoras e senhores, após longo prazos de meditação e um breve nirvana, encontrei o assunto perfeito para um primeiro post pós introdução. Trata-se nada mais nada menos do que a vanguarda total da música atual, basicamente o limbo ao qual me refería no post anterior.

An Endless Sporadic é a banda a qual me refiro, um duo Californiano composto pelo estudante da Berklee College of Music Zach Kamins (Guitarra, Teclados, Baixo e arranjos) e pelo funcionário da Neversoft Andy Gentile (Batería). Lançaram seu primeiro Ep Ameliorate, gravado via internet em julho de 2008.

Contém 4 canções; "Anything" (4:49); "Impulse" (4:28); "Sun Of Pearl" (5:09); "The Adventures of Jabubu" (3:49). Todas instrumentais, repletas de compassos complexos, fusão de estilos, mudanças de escala, mudanças de tempo... Enfim, são obras bastante completas. As músicas estão arranjadas de uma forma muito particular, é uma "jornada progressiva" onde, em 5 minutos, o ouvinte transcende do metal ao jazz sem sequer perceber as mudanças.

As mais impressionantes dessas "inversões" podem-se observar em Impulse onde, após a introdução e um refrão levados por um "vein" pesado de metal progressivo, a guitarra assume a liderança com uma leve distorção executando acordes de blues (com quartas) e, junto com o baixo, formam a mais perfeita base para um solo quase romântico por uma guitarra que dispara singelas notas a velocidade não reduzida. Ainda nesta música, solos e solos depois, um estranho riff quase "bossanoveado" por uma guitarra acústica com cordas de nylon acompanhada por flautas silencia todo o caos das distorções e wah-wah's que consumiam a música. O que mais impressiona é que, apesar de todas as loucuras em seu miolo, a canção termina da mesma forma que começa. Como disse antes, bastante completo.

Impulse e Anything entraram para a discografía do Guitar Hero 3 e do Guitar Hero World Tour e Sun of Pearl entrou para a trilha sonora de Tony Hawk American Wasteland. Nenhuma surpresa já que na Neversoft, Gentile esteve envolvido com a produção desses jogos.

Debutaram ou debutarão, não tenho certeza, com um album que levará o nome da banda. Está sendo ou foi gravado na Suécia junto ao produtor/guitarrista de "The Flower Kings" Roine Stolt e com o baixista, também de "The Flower Kings", Jonas Reingold.

Digo sem rodeios que estes meninos têm um incrível potêncial e sem dúvida estarei escutando seu novo cd assim que possa. Recomendo com mais de 5 bananas que vocês, ouvintes, chequem o trabalho deles.

Faço o trabalho de vocês mais fácil: http://www.youtube.com/watch?v=Zl3qsBVWN8Q

No limbo...

Bom, chegamos a isso... Um blog.

Perdão, porém serei curto e grosso; Este é um espaço onde postarei sobre cinema e música. Pretendo, eventualmente, expor sobre outras formas de arte, porém não contem com isso no momento.

Meu objetivo é simples; Mostrar o que há de bom no mundo nestes dois universos atualmente (coisa que não falta). Escuto muitos comentários negativos de muita gente, todos nostálgios auto-flagelando-se por não haver nascido 30, 40 anos atrás... Inútil. Quero que as pessoas saibam que há música boa sendo feita em todas as partes do mundo, que há bandas infinitamente geniais lançando cds a cada minuto porém, mal são conhecidas pelos próprios intergrantes; diretores excelentes lançando obra atrás de obra no cinema - inclusive o brasileiro - sendo ignorados pelo próximo "American Pie", "Jogos Mortais XVI", "Transformes 47", etc...

Cabe ao ouvinte a tarefa de ouvir, o espectador a tarefa de espectar e ao conhecedor a tarefa de dividir, por tanto dedico este blog aqueles músicos e cineastas que tocam e gravam ao lado do diabo, cravados no limbo da terra de tão profundos nela que estão imersos.